Inovar é humano

A questão não é necessariamente sobre a melhor ideia, mas sobre a melhor conexão e execução
Inovação é um negócio simples, mas que as pessoas complicam. Qualquer pessoa pode inovar (ou empreender) se está disposta a seguir alguns sistemas de crenças. Estes sistemas têm ainda uma vantagem adicional, eles são úteis para a vida em geral. Portanto, inovar é da vida. Vou tentar explicar o que quero dizer com isso.

Tive o privilégio recentemente de ser convidado para participar de um painel sobre startups e inovação no Horasis Global Meeting, uma espécie de “mini Davos”, com mais de 500 líderes de 70 países. Gente tão diversa te ensina muito. Principalmente, te ensina que pertencemos a uma grande tribo, a humana, com pequenas diferenças de endereço. E aqui está a chave para a inovação. Na raça humana. Somos animais que nos conectamos e agimos a partir de ideias. A nossa vantagem competitiva na natureza (na vida?) é essa.

Vou elaborar. Imagine que você está trancado sozinho numa sala com dois leões esfomeados. Pensa aí numa chance de sobreviver. Agora, imagine você e outras duas pessoas juntas trancadas com esses leões. Aumentou sua chance de sair da sala? Dois leões esfomeados conseguem dar boas mordidas em uma ou três pessoas. Mas três pessoas conseguem se coordenar de uma forma que os dois leões não conseguem. As três pessoas criam armadilhas, pensam juntas em rotas de fuga, somam esforços na busca de um resultado maior comum. A gente segue ideias, conceitos abstratos, de forma coletiva, tribal. Seja em Davos, seja no Pacaembu.

A questão então não é necessariamente sobre a melhor ideia, mas sobre a melhor conexão, execução. Para isso, algumas dicas “tribais” continuam válidas na hora inovar:

1. Busque a diversidade em tudo que você faz. Saia da sua tribo e aproveite a oportunidade de aprendizado que você terá apenas com uma mente aberta a novas abordagens, novas culturas, novos amigos. Lembre-se sempre que você é o resultado genético de milhões de anos de tentativa e erro com a diversidade do mundo.

2. Ouça mais do que fale. Resista à autopercepção imperfeita de sabedoria e seja vulnerável aos demais. Isso te ajudará a se conectar de “coração a coração” com outras pessoas e criar um ambiente de verdadeira confiança.

3. Comece com o básico. Quem você é, quem você conhece, o que você sabe. Não adianta querer falar de blockchain se o que você tem experiência mesmo é em fazer pizza. Comece pela pizza e, depois, pouco a pouco acrescente o blockchain. O teu capital acumulado de carreira e personalidade é o teu diferencial inicial.

4. Seja paciente e consistente nas ações. Os mercados sempre vão estar agitados e as bolhas sempre vão estourar. A questão aqui é jogar com foco no longo prazo. Como já disse Bill Gates, "a maioria das pessoas superestima o que pode fazer em um ano e subestima o que pode fazer em dez anos".

5. Esteja aberto a surpresas. Não dá para prever o futuro, muito menos controlá-lo. Então foque naquelas pequenas partes que estão sob o seu controle e deixe que as surpresas te levem a novos mares. A tua experiência e consistência jogam ao teu favor no longo prazo. Sempre.

Pessoalmente, sou otimista com a espécie humana e com a nossa capacidade de inovar. Nunca vivemos numa época tão próspera. Menos crianças morrem de sarampo do que há 30 anos. O celular no teu bolso tem mais capacidade computacional do que os computadores da missão da NASA que levou o homem para a lua. A bola então volta para você. O que você está esperando?

*Igor Tasic é fundador e CEO da Startup Europe Week e membro do European Digital Leaders, do Fórum Econômico Mundial

Fonte : https://epocanegocios.globo.com/

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